GASODÁ GÃMEB PAITER SURUI
"Ser Paiter e ser "Gente de Verdade. Para ser gente de verdade precisamos ter respeito e amor ao próximo".
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
domingo, 30 de agosto de 2020
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
WAGÔH PAKOB" ESPAÇO DE VIVÊNCIA PAITER NA FORÇA DA FLORESTA
quarta-feira, 18 de abril de 2018
DIA 19 DE ABRIL, DIA DO ÍNDIO. SE COMEMORA OU SE INDIGNA?

Arquivo: Gasodá Surui, 2018 - Aldeia Paiter . T. I. Sete de Setembro.
Anualmente
no dia 19 de abril e comemorado o dia do índio no Brasil, uma data que pela sua
grandeza poderia ser comemorado com muitas festas, conquistas e acima de tudo
ser um momento de reconhecimento dos povos indígenas como povos originários desta
terra chamada de Brasil. Mas muito pouco ou quase nada nós povos indígenas
temos a comemorar nesta data. Pelo fato de só temos promessas feitas pelos
nossos governantes desde a criação da constituição federal de 1988.
Hoje
passados 30 anos, praticamente continuamos na mesma, ouvindo promessa ou talvez
casos até mais pior. Parece que seja tudo propositadamente, e assim continuamos
sendo esquecidos, humilhado, massacrado e violado todos os direitos dos povos
indígenas pelos Governantes do nosso país. Sem muitos menos sem sermos
consultados, como diz na própria constituição brasileira.
E
nesse sentido que nesta data trazemos para discussão a realidade indígena no
país, questões como: falta de demarcação de terras, saúde e educação precária,
além da reflexão sobre a importância dos valores e conhecimentos tradicionais
dos povos indígenas. Porque como povos originários deste país, jamais os povos
indígenas foram vistos e nem sequer lembrados como de ser humano e muito menos
lembrado que aqui já habitavam antes da chegada dos europeus. Caso contrário,
seriamos sem dúvida, um país mais respeitado e abençoado desse planeta e com
direito a ser exemplo a ser seguido.
Caso
os nossos governantes tivesse o mínimo de respeito e reconhecimento da
existência e a importância dos povos tradicionais com suas ricas diversidades
culturais para a formação da nossa sociedade com certeza estaríamos no ranking
dos países mais desenvolvidos do mundo.
O mais
importante para nós como povos indígenas neste momento e ter a consciência tranquila
que somos capazes assim como todos. Pois sempre trabalhamos e produzimos para
sustentar nossas famílias e comunidades com respeito e sem desigualdade social
em nosso meio.
As
nossas conquistas dos nossos espaços dentro da sociedade sempre foram conquistadas
na base do respeito e educação. Sem discriminação, sem preconceito, sem
desigualdade e muito menos conflitos. Seja elas: escolas, universidades,
fundações, instituições e espaços políticos e partidários.
Mas
infelizmente a ganância, o preconceito e a discriminação reina em nosso meio.
Isso mostra o quantos somos fracos para superarem os nossos próprios desafios.
Assim
ficamos reféns dos nossos próprios erros. E quem acaba perdendo com tudo isso
somos nós.
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Gasodá
Surui e do povo indígena Paiter Suruí de Rondônia, pertencente ao grupo clânico
Gãmeb, residente na Aldeia Paiter Linha 09, na Terra Indígena Sete de Setembro.
Graduado em Turismo pelo Centro Universitário São Lucas de Porto Velho -
Rondônia. Atualmente e mestrando em Geografia pela Universidade Federal de
Rondônia e também é Coordenador do Centro Cultural Indígena Paiter Wagôh Pakob
onde desenvolve o trabalho de fortalecimento das práticas culturais do povo
Paiter Suruí onde vive.
quarta-feira, 29 de março de 2017
GÃMEB - O JEITO DE SER PAITER
Simbolo Sagrado do Grupo Clânico Gãmeb.
A
palavra Gãmeb significa “marimbondo preto” e o Gãmebey e mais de um. Segundo a
história Paiter o Gãmeb surgiu pela primeira vez há muito tempo anos atrás
quando Deus (Palob) criou a humanidade. Por isso foram um dos primeiros a ser
criado pelo criador do universo juntos com outros grupos. Dizem os Paiter que
já havia outros seres antes de nós que foram comidos pelas onças e assim os
desapareceram e todos foram extintos. E na terra tudo ficou vazio, somente as
onças que os mataram e comeram todos.
Viu
Deus que tudo estava vazio na Terra, o “Palob” Deus pensou preciso fazer alguma
coisa para que tudo voltem de novo, assim pensou em fazer outros seres humanos.
E para isso precisava de ossos humanos e assim contou com a ajuda e auxilio do
veado mateiro “Patxaub” para buscar os ossos humanos na aldeia das onças. Como
as onças tinham comidos todos os outros seres, somente na aldeia deles tinha os
ossos humanos. E os ossos que tinha na aldeia das onças eram de vários
povos: Gãmeb, Kaban, Gapgir, Makor e de
outros povos que foram extintos ao longo do tempo e que nos dias de hoje não
existem mais, apenas histórias.
Quando
o veado mateiro "Patxaub" trouxe os ossos e entregou ao Palob que por
sua vez pegou os ossos e começou a tragar e soprar com a fumaça do tabaco e
assim surgia o ser humano uma por uma. E junto com isso surgiu também o Gãmeb
que até hoje existe depois de muitos tempos apesarem de ter passado por
dificuldade e desafios, como: doenças, guerras e conflitos com outros povos que
foram dizimando aos poucos a sua população numerosa.
A história
de vida e de luta dos Gãmebey tem se tornado frequentes, reconhecido e
respeitado pela sociedade Paiter através do seu patriarca chamado pelo nome de
YAB-NAB que significa (raiz dos saberes), que foi um guerreiro Paiter do Clã
Gãmeb muito sábio, inteligente, com seu postura e perfil de liderança que
também herdou dos seus pais. Ao longo de sua vida Yab- Nab casou -se com várias
mulheres das quais geraram bastantes filhos que gerou e herdou os Gãmebey que
vive na Terra Indígena Sete de Setembro.
Hoje
os Gãmeb ou Gãmebey são um dos quatros grupos clânicos que compõe a sociedade
Paiter Suruí, povo indígena que habita a Terra Indígena Sete de Setembro
localizado entre os estados de Mato Grosso e Rondônia. Segundo os dados
demográficos dos órgãos indigenistas (FUNAI e SESAI/2016) são os segundos
grupos clânicos mais populoso entre os quatros grupos existente dentro do
território Paiter, que são Gãmeb, Gapgir, Kaban e Makor. Os Gãmebey estão
distribuídos e espalhados em todo o território Paiter: Aldeia Apoena Meirelles,
Aldeia Sete de Setembro, Aldeia Paiter Linha 09, Aldeia Atamuia Linha 09,
Aldeia Central Linha 10, Aldeia Iratana, Aldeia Lapetanha Linha 11, Aldeia Tikã
Linha 11, Aldeia Mauíra Linha 12, Aldeia Pipira Linha 14 e etc...
As
pessoas que pertencem a esse grupo geralmente são definidas e vistas pela
sociedade Paiter através das suas características que o resume como ser humano:
carinhoso, atencioso, tranquilo, bondoso, paciente, amoroso, ter respeito ao
próximo, ter postura de liderança, não humilhar os outros, compreensivo e acima
de tudo ter responsabilidade e o orgulho pelo da sua origem, ama a sua cultura
e a natureza que fazem parte da sua vida. Essas características com postura de
liderança nato faziam com que os outros respeitasse e fazia dele uma liderança
automático do seu povo, pois isso vêm desde os seus antepassados. Pois são
comportamentos que são adquiridos e conquistados através dos conhecimentos e
sabedorias que são transmitidos de geração em geração.
O
homem Gãmeb geralmente se casa com a mulher do Clã Kaban, do mesmo modo a
mulher Gãmeb só se casam com homem Kaban. As mulheres Kaban a partir do seu casamento
com Gãmeb passa a se torna a sua família. Desde então ao longo do tempo da
convivência vai ajudando e ensinando um ao outro assim unificando os seus
pensamentos de buscar os seus objetivos visando lutar pelo bem-estar da sua
família e do seu povo.
Ao
longo da sua história os Gãmebey têm contribuído bastante e ainda continua a
contribuir com a valorização e preservação da vida organizacional, Social,
Cultural, Ambiental e Territorial do povo Paiter Suruí dentro do território
Sete de Setembro. Alguns dos seus líderes juntamente com as outras lideranças
indígenas de outros clãs atuaram fortemente no início da década de 80, para que
o governo brasileiro reconhecesse o seu território, logo após o contato com a
sociedade não indígena. Graças a essa atuação de lideranças Paiter pela defesa
e proteção do seu território, hoje a Terra Indígena Sete de Setembro e um
território indígena demarcado e homologado pelo governo Federal. Mas que mesmo
assim ainda correm sérios riscos de invasões e degradação ambiental,
territorial e cultural pela forte pressão e influência da cultura ocidental.
Mas
como o Gãmebey sempre foram um povo guerreiro não e agora que vão para de lutar
pelos seus ideais devido ao grande impacto que a cultura não indígena tem
trazido para o seu povo. A cada dia que passa surgem novas esperanças de um dia
melhores para os Gãmebey e para os Paiter em geral. Pois a luta do Gãmeb e de
todos e a luta de todos e do Gãmeb. Como sempre querendo ajudar o próximo e a
humanidade através de um simples gesto de conscientizar a humanidade que é
possível viver bem mantendo a floresta em pé e consumindo o que ela tem de
oferecer.
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Gasodá
Suruí é Indígena Paiter, pertencente ao clã Gãmeb- Formado em Turismo pelo Centro
Universitário São Lucas de Porto Velho em 2009 e Atualmente e Mestrando em
Geografia pela Universidade Federal de Rondônia. Pesquisador Indígena e
Coordenador Cultural da Aldeia Paiter Linha 09.
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