
Arquivo: Gasodá Surui, 2018 - Aldeia Paiter . T. I. Sete de Setembro.
Anualmente
no dia 19 de abril e comemorado o dia do índio no Brasil, uma data que pela sua
grandeza poderia ser comemorado com muitas festas, conquistas e acima de tudo
ser um momento de reconhecimento dos povos indígenas como povos originários desta
terra chamada de Brasil. Mas muito pouco ou quase nada nós povos indígenas
temos a comemorar nesta data. Pelo fato de só temos promessas feitas pelos
nossos governantes desde a criação da constituição federal de 1988.
Hoje
passados 30 anos, praticamente continuamos na mesma, ouvindo promessa ou talvez
casos até mais pior. Parece que seja tudo propositadamente, e assim continuamos
sendo esquecidos, humilhado, massacrado e violado todos os direitos dos povos
indígenas pelos Governantes do nosso país. Sem muitos menos sem sermos
consultados, como diz na própria constituição brasileira.
E
nesse sentido que nesta data trazemos para discussão a realidade indígena no
país, questões como: falta de demarcação de terras, saúde e educação precária,
além da reflexão sobre a importância dos valores e conhecimentos tradicionais
dos povos indígenas. Porque como povos originários deste país, jamais os povos
indígenas foram vistos e nem sequer lembrados como de ser humano e muito menos
lembrado que aqui já habitavam antes da chegada dos europeus. Caso contrário,
seriamos sem dúvida, um país mais respeitado e abençoado desse planeta e com
direito a ser exemplo a ser seguido.
Caso
os nossos governantes tivesse o mínimo de respeito e reconhecimento da
existência e a importância dos povos tradicionais com suas ricas diversidades
culturais para a formação da nossa sociedade com certeza estaríamos no ranking
dos países mais desenvolvidos do mundo.
O mais
importante para nós como povos indígenas neste momento e ter a consciência tranquila
que somos capazes assim como todos. Pois sempre trabalhamos e produzimos para
sustentar nossas famílias e comunidades com respeito e sem desigualdade social
em nosso meio.
As
nossas conquistas dos nossos espaços dentro da sociedade sempre foram conquistadas
na base do respeito e educação. Sem discriminação, sem preconceito, sem
desigualdade e muito menos conflitos. Seja elas: escolas, universidades,
fundações, instituições e espaços políticos e partidários.
Mas
infelizmente a ganância, o preconceito e a discriminação reina em nosso meio.
Isso mostra o quantos somos fracos para superarem os nossos próprios desafios.
Assim
ficamos reféns dos nossos próprios erros. E quem acaba perdendo com tudo isso
somos nós.
________________________________________________________________________
Gasodá
Surui e do povo indígena Paiter Suruí de Rondônia, pertencente ao grupo clânico
Gãmeb, residente na Aldeia Paiter Linha 09, na Terra Indígena Sete de Setembro.
Graduado em Turismo pelo Centro Universitário São Lucas de Porto Velho -
Rondônia. Atualmente e mestrando em Geografia pela Universidade Federal de
Rondônia e também é Coordenador do Centro Cultural Indígena Paiter Wagôh Pakob
onde desenvolve o trabalho de fortalecimento das práticas culturais do povo
Paiter Suruí onde vive.
Nenhum comentário:
Postar um comentário