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Símbolo do Clã Gãmeb do Povo Paiter |
A
palavra Gãmeb significa “marimbondo preto” e o Gãmebey e mais de um. Segundo a
história Paiter o Gãmeb surgiu pela primeira vez há muito tempo anos atrás
quando Deus (Palob) criou a humanidade. Por isso foram um dos primeiros a ser
criado pelo criador do universo juntos com outros grupos. Dizem os Paiter que
já havia outros seres antes de nós que foram comidos pelas onças e assim os
desapareceram e todos foram extintos. E na terra tudo ficou vazio, somente as
onças que os mataram e comeram todos.
Viu
Deus que tudo estava vazio na Terra, o “Palob” Deus pensou preciso fazer alguma
coisa para que tudo voltem de novo, assim pensou em fazer outros seres humanos.
E para isso precisava de ossos humanos e assim contou com a ajuda e auxilio do
veado mateiro “Patxaub” para buscar os ossos humanos na aldeia das onças. Como
as onças tinham comidos todos os outros seres, somente na aldeia deles tinha os
ossos humanos. E os ossos que tinha na aldeia das onças eram de vários
povos: Gãmeb, Kaban, Gapgir, Makor e de
outros povos que foram extintos ao longo do tempo e que nos dias de hoje não
existem mais, apenas histórias.
Quando
o veado mateiro "Patxaub" trouxe os ossos e entregou ao Palob que por
sua vez pegou os ossos e começou a tragar e soprar com a fumaça do tabaco e
assim surgia o ser humano uma por uma. E junto com isso surgiu também o Gãmeb
que até hoje existe depois de muitos tempos apesarem de ter passado por
dificuldade e desafios, como: doenças, guerras e conflitos com outros povos que
foram dizimando aos poucos a sua população numerosa.
A história
de vida e de luta dos Gãmebey tem se tornado frequentes, reconhecido e
respeitado pela sociedade Paiter através do seu patriarca chamado pelo nome de
YAB-NAB que significa (raiz dos saberes), que foi um guerreiro Paiter do Clã
Gãmeb muito sábio, inteligente, com seu postura e perfil de liderança que
também herdou dos seus pais. Ao longo de sua vida Yab- Nab casou -se com várias
mulheres das quais geraram bastantes filhos que gerou e herdou os Gãmebey que
vive na Terra Indígena Sete de Setembro.
Hoje
os Gãmeb ou Gãmebey são um dos quatros grupos clânicos que compõe a sociedade
Paiter Suruí, povo indígena que habita a Terra Indígena Sete de Setembro
localizado entre os estados de Mato Grosso e Rondônia. Segundo os dados
demográficos dos órgãos indigenistas (FUNAI e SESAI/2016) são os segundos
grupos clânicos mais populoso entre os quatros grupos existente dentro do
território Paiter, que são Gãmeb, Gapgir, Kaban e Makor. Os Gãmebey estão
distribuídos e espalhados em todo o território Paiter: Aldeia Apoena Meirelles,
Aldeia Sete de Setembro, Aldeia Paiter Linha 09, Aldeia Atamuia Linha 09,
Aldeia Central Linha 10, Aldeia Iratana, Aldeia Lapetanha Linha 11, Aldeia Tikã
Linha 11, Aldeia Mauíra Linha 12, Aldeia Pipira Linha 14 e etc...
As
pessoas que pertencem a esse grupo geralmente são definidas e vistas pela
sociedade Paiter através das suas características que o resume como ser humano:
carinhoso, atencioso, tranquilo, bondoso, paciente, amoroso, ter respeito ao
próximo, ter postura de liderança, não humilhar os outros, compreensivo e acima
de tudo ter responsabilidade e o orgulho pelo da sua origem, ama a sua cultura
e a natureza que fazem parte da sua vida. Essas características com postura de
liderança nato faziam com que os outros respeitasse e fazia dele uma liderança
automático do seu povo, pois isso vêm desde os seus antepassados. Pois são
comportamentos que são adquiridos e conquistados através dos conhecimentos e
sabedorias que são transmitidos de geração em geração.
O
homem Gãmeb geralmente se casa com a mulher do Clã Kaban, do mesmo modo a
mulher Gãmeb só se casam com homem Kaban. As mulheres Kaban a partir do seu casamento
com Gãmeb passa a se torna a sua família. Desde então ao longo do tempo da
convivência vai ajudando e ensinando um ao outro assim unificando os seus
pensamentos de buscar os seus objetivos visando lutar pelo bem-estar da sua
família e do seu povo.
Ao
longo da sua história os Gãmebey têm contribuído bastante e ainda continua a
contribuir com a valorização e preservação da vida organizacional, Social,
Cultural, Ambiental e Territorial do povo Paiter Suruí dentro do território
Sete de Setembro. Alguns dos seus líderes juntamente com as outras lideranças
indígenas de outros clãs atuaram fortemente no início da década de 80, para que
o governo brasileiro reconhecesse o seu território, logo após o contato com a
sociedade não indígena. Graças a essa atuação de lideranças Paiter pela defesa
e proteção do seu território, hoje a Terra Indígena Sete de Setembro e um
território indígena demarcado e homologado pelo governo Federal. Mas que mesmo
assim ainda correm sérios riscos de invasões e degradação ambiental,
territorial e cultural pela forte pressão e influência da cultura ocidental.
Mas
como o Gãmebey sempre foram um povo guerreiro não e agora que vão para de lutar
pelos seus ideais devido ao grande impacto que a cultura não indígena tem
trazido para o seu povo. A cada dia que passa surgem novas esperanças de um dia
melhores para os Gãmebey e para os Paiter em geral. Pois a luta do Gãmeb e de
todos e a luta de todos e do Gãmeb. Como sempre querendo ajudar o próximo e a
humanidade através de um simples gesto de conscientizar a humanidade que é
possível viver bem mantendo a floresta em pé e consumindo o que ela tem de
oferecer.
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Gasodá
Suruí é Indígena Paiter, pertencente ao clã Gãmeb- Formado em Turismo pelo Centro
Universitário São Lucas de Porto Velho em 2009 e Atualmente e Mestrando em
Geografia pela Universidade Federal de Rondônia. Pesquisador Indígena e
Coordenador Cultural da Aldeia Paiter Linha 09.
Olá, Gasodá. Gostaria de saber se há visitações às tribos Suruí, em que seria possível conviver uns dias com os habitantes. Tenho curiosidade pela cultura, especialmente pela relação das pessoas com os sonhos e com a música. Vc saberia me informar? Meu email é nielegarcia@gmail.com. Obrigada.
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